O papel da escola contemporânea
Nas últimas
décadas a reestruturação do capitalismo sob a lógica do neoliberalismo a escola
se transformou, mas sempre no sentido de servir ao sistema. As teorias
econômicas trataram de cada vez mais integrar a escola ao modelo econômico e
aperfeiçoá-la para auferir resultados eficientes para produção e reprodução do
capital. Para Yong, uma delas foi a tentativa de adequar os resultados das
escolas ao que é tido como as “necessidades da economia”, numa espécie de
vocacionalismo em massa. O controle de boa parte do período compulsório
pós-escolar e até de algumas escolas e autoridades educacionais locais foi
colocado nas mãos de empregadores do setor privado que, às vezes, estavam de
acordo, mas, muitas vezes, relutantes.
Para esse autor,
a outra consequência foi transformar a educação em si num mercado (ou pelo
menos semimercado), no qual as escolas são obrigadas a competir por alunos e
fundos. A isso eu chamo não diferenciação da escolaridade.
Ainda, as
escolas são tratadas como um tipo de agência de entregas, que deve se
concentrar em resultados e prestar pouca atenção ao processo ou conteúdo do que
é entregue. Como resultado, os propósitos da escolaridade são definidos em
termos cada vez mais instrumentais, como um meio para outros fins.
Com o processo
de globalização econômica, embora as diferenças espaciais e de tempo, entre
centro e periferia do sistema, a lógica capitalista se dissemina por todas as
partes do globo e isto chega às escolas, com mais intensidade em algumas, menos noutras, mas a escola associada ao
modelo atual conserva características gerais comuns.
Conforme Yong,
“a luta histórica pelos propósitos da escolaridade pode ser vista em termos de
duas tensões. A primeira é entre os objetivos da emancipação e da dominação”.
Como pressuposto
filosófico e sociológico convém ressaltar o papel da escola no contexto
histórico contemporâneo. Neste sentido, o propósito de uma educação
emancipatória parte do princípio, segundo Tonet, que sua finalidade é a
realização pessoal dos sujeitos, mas diferente da visão do projeto de sociedade
da modernidade, o eixo central não é o indivíduo, mas indivíduo-gênero.
Para Tonet, “seu caráter é muito mais
ontológico do que psicológico, ou seja, é uma construção de si que implica
fazer sua a riqueza genérica humana ao mesmo tempo em que se está engajado na
criação de uma forma superior de humanidade”.
A escola que tem
como perspectiva educar com vista uma sociedade emancipada, no qual os aspectos
coletivos estejam acima dos interesses individuais, na visão de Tonet (2005),
se constitui o fundamento básico da educação libertadora. Para o autor: [...]
“o processo de individuação, fortemente impulsionado pelo capital, na sociedade
capitalista, tem um caráter individualista, privilegiando o indivíduo em
detrimento da coletividade”.
Assim, temos
como marca da sociedade moderna um déficit de solidariedade, de alteridade (capacidade de se colocar no lugar do outro
na relação interpessoal) e de equidade (que revela senso de
justiça).
Luiz Etevaldo da Silva- Mestre em Educação